sábado, 28 de junho de 2008

quinta-feira, 26 de junho de 2008

eventos livres

01/07/2008 a 03/07/2008
2º Esol no CEFET-PE - Encontro de Software Livre
Informações: http://tsi.cefetpe.br/esol/
Local: Ceará/Pe

19/07/2008 A 20/07/2008
I Ultra Maratona How To de Software Livre no Rio de Janeiro
Informações: http://www.ultramaratonahowto.com
Local: Rio de Janeiro/RJ

14/10/2008
Linux Park Brasília
Informações: http://www.linuxpark.com.br/lp
Local: Brasília/DF

26/10/2008 a 30/10/2008
JRI - III Jornada de Robótica Inteligente
Informações: http://www.sbia2008.ufba.br/
Local: Salvador/BA

10/11/2008 a 12/11/2008 SBGames - VII Simpósio Brasileiro de Jogos e Entretenimento Digital Informações: http://www.sbc.org.br/sbgames2008 Local: Belo Horizonte/MG

12/11/2008 a 14/11/2008 SBIE - XIX Simpósio Brasileiro de Informática na Educação Informações: http://www.sbie.org.br/ Local: Fortaleza/CE

ARTIGO

PEDAGOGIA INTERATIVA A FAVOR DA APRENIZAGEM.
Catia Lima de Santana

INTRODUÇÃO

Após a Revolução Industrial, os novos meios de produção impulsionaram a fragmentação de pólos que anteriormente eram pensadas como um só, surgindo uma visão de mundo mecanicista e reducionista, dividida entre corpo e mente, objetividade e subjetividade, teoria e prática.
A revolução cientifica trouxe para a humanidade a visão de mundo-máquina. Na realidade, essa explicação cientifica do universo iniciou-se com as proposições de Copérnico e Galileu, ao defenderem a descrição matemática da natureza. E foi acentuada pelas contribuições de Descartes e Newton, quando recomendaram uma ordem lógica e racional para justificar os fenômenos da natureza. Baseados em pressupostos da matemática e da física, levaram a um processo de fragmentação da ciência em áreas de conhecimento. (MORAES, 1997, p 67)
No desenrolar da história da humanidade, o paradigma newtoniano-cartesiano passa a ser questionado e a Revolução Industrial dá lugar à Revolução Tecnológica. No atual momento histórico, as redes de informações avançam graças à revolução tecnológica impulsionando a globalização. Sendo a informática utilizada como forma de desenvolvimento global, a educação não pode ficar de fora da rede de conhecimento da era tecnológica. No entanto, a escola não deve mediar o sistema capitalista, criando consumidores de software que apenas visam a massificação do produto.

A educação ainda precisa avançar em nível de adesão às novas tecnologias e mudar o currículo educacional, totalmente conservador, atrelado ao pensamento newtoniano-cartesiano. Na sociedade atual, não cabe mais a fragmentação, a divisão, mas sim a conexão de saberes, a inter-relação em vários aspetos da vida humana, o diálogo entre as áreas, a junção entre a objetividade e a subjetividade. Dessa forma, a tecnologia pode subsidiar essas novas relações.
Novas tecnologias são também novos desafios à educação, e a função reservada a educadores e educadoras é o trabalho para a formação de pessoas em uma sociedade em constante transformação, que necessitam estar prontos para relacionar-se com as novas tecnologias, e interagir com as mesmas com naturalidade.
Os estudantes devem torna-se atuantes e produtivos e não mais expectadores da criação alheia: a criatividade deve ser incentivada em todo processo escolar, pois será essa a cobrança, na sociedade no futuro, feita a esses estudantes. Ao aprendiz não cabe mais a simples passividade, silenciamento e assujeitamento aos conhecimentos impostos como verdades, mas uma postura crítica, ativa, criativa, questionadora, atuante e produtora do conhecimento.
A produção de conhecimento significativo será valorizada, sendo necessário, no entanto, o acesso aos conhecimentos já produzidos pela humanidade até o presente momento, pois as informações chegam cada vez mais rápido nos mais diversos continentes e a verdade de hoje será questionada e retificada no dia seguinte. Sendo assim, a escola deve permitir que seus alunos participem dessa construção de conhecimento como atores principais. Aos educadores será cobrado uma postura de pesquisador, autônomo, criativo e crítico.

APRENDIZAGEM INTERATIVA

No antigo modelo de educação, o aluno é apenas um mero espectador das verdades apresentadas pelo professor, em aulas expositivas, na qual os alunos memorizavam as informações, que são fragmentadas em áreas de conhecimento. As avaliações são classificatórias, excludentes, individualistas, competitivas e “decorebas”. Atualmente, este é um modelo totalmente ultrapassado e duramente criticado por diversos educadores.
Afinal, as áreas de conhecimento, tanto na teoria quanto na prática, necessitam dialogar para um entendimento de suas bases, de forma mais sólida e concreta; as aulas expositivas já não seduzem mais ninguém, se é que algum dia chegaram a encantar algum aluno; as avaliações devem fazer parte do processo de aprendizagem e não mais um processo final para a mensuração do mesmo; a produção coletiva é de suma importância para o desenvolvimento do individuo, porque torna-se constante o respeito mútuo, a colaboração e a partilha das aprendizagens, aceitação de idéias diferentes, entre outras vantagens. Ou seja, a escola deve caminhar para uma construção de conhecimento que tenha como base a interatividade.
A transmissão de conhecimentos é um modelo hegemônico de comunicação em instituições como a escola, no entanto, a interatividade é uma nova perspectiva de modificação da comunicação em sala de aula, o que possibilita um enfrentamento com o modelo de comunicação tradicional.
Para Beherens, (1996 apud Beherens, 2005, p 76), as escolas, em geral, ao optarem por um paradigma inovador, é essencial derrubar barreiras que segregam o espaço e a criatividade do professor e dos alunos, que em geral ficam restritos a sala de aula, ao quatro de giz e ao livro texto.
A aprendizagem deve ser desafiadora, dinâmica e significativa, os educadores devem problematizar o mundo real, para a construção de uma educação verdadeiramente crítica e transformadora. Ou seja, uma educação que se preocupa com a produção de conhecimentos e valores, um modelo de educação que deve permanecer aberto para poder questionar a autoridade do educador, desfazer as relações de dominação em sala de aula e prover opções para que os educandos possam intervir na sua aprendizagem.
Para se fazer possível tal educação, vale ressaltar a necessidade de alterar a modalidade comunicacional predominante na atuação pedagógica do educador a partir das novas tecnologias. Entretanto, isso não deve significar simplesmente um novo utensílio da sala de aula, utilizado para socialização e alfabetização digital, ou seja, gerar mão-de-obra para o mercado de trabalho.
Segundo Silva (2000 p. 165) de fato, precisamos de uma escola que transforme a sua práxis de comunicação, onde seja possível a transição do modelo linear, organizados em escalas, níveis e pacotes de conhecimento, por práticas plurais, livres, modificável a todo e qualquer momento, ou seja, a lógica da comunicação interativa no processo de aprendizagem.
Ao modelo de educação criticada anteriormente surge como alternativa a aprendizagem interativa, uma conseqüência da cultura da interatividade, marcada pelas novas tecnologias, que por sua vez permitem aos estudantes uma produção colaborativa, no espaço virtual. O novo paradigma nos permite ainda juntar o que antes era totalmente fragmentado.
Finalmente, o dispositivo interativo, ao suspender a lógica audiovisual [das media de massa], deixa também emergir progressivamente o fim da noção de receptor passivo. As novas navegações interativas serão, assim, uma nova libertação face à lógica unívoca do sistema mass-mediático predominante neste século XX. Doravante viveremos a superação desse constrangimento. (CÁDIMA, 1996 apud SILVA, 2000, p 25)
Nas manifestações comunicacionais mais antigas entre seres humanos já era possível identificar interação na relação unilateral entre emissor e receptor, entretanto, na atualidade, as novas mídias oferecem um conjunto de possibilidades ao receptor, que é convocado à livre criação, e a mensagem ganha significado sob sua interferência.
Vale ressaltar que interação não é o mesmo que interatividade, mesmo que alguns críticos acreditem que o conceito de interatividade diz o mesmo que o termo interação, e que seria apenas uma argumentação a favor da indústria da informática. Para Silva (2005,p 64), interatividade é a modalidade comunicacional que ganha centralidade na cibercultura, permitindo ao receptor responder ao emissor. Representa um grande salto qualitativo em relação ao mundo da comunicação de massa, superando a recepção passiva.
Transitamos da mídia clássica para a mídia on line, que nos permite modificar a lógica da comunicação, onde anteriormente existia um esquema clássico de informações, fundamentado na relação emissor-mensagem-receptor. Na escola, o emissor é o professor, as mensagens são informações fechadas em si, que não dialogam com diversas áreas do conhecimento, nem tampouco com a realidade dos alunos, o receptor é o aluno, onde as informações são despejadas.
Já na perspectiva da interatividade, segundo Silva (2005, p.64), o professor passa a ser o formulador de problemas, provocador de interrogações, sistematizador de experiências e memória viva de uma educação que em lugar de perde-se à transmissão, valoriza e possibilita o diálogo e a colaboração.
Os estudantes podem participar e intervir, o que não significa restringi-los a opções dadas, mas transformar a mensagem, articular, trocar, associar a comunicação que é produção conjunta do emissor e do receptor, pois aos dois pólos é permitido codificar e decodificar mensagens.
A aprendizagem interativa só acontece se houver a participação dos alunos, os quais são inscritos de acordo com as suas potencialidades e evoluem de forma coerente e contínua. O aluno não mais se reduz a observar, copiar e apresentar em forma de avaliação o quanto “aprendeu”. Mas sim criar, construir, alterar quando lhe for conveniente, tornando-se colaborador na construção das informações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considero estar longe das verdades para as respostas de uma educação de qualidade, nem acredito que somente uma educação interativa seja capaz de modificar as problemáticas do processo educacional formal. No entanto, existe a certeza que os modelos educacionais atuais já não conseguem dar conta das novas necessidades humanas, pois não conseguem atender a riqueza e a complexidade das produções humanas.
A escola não pode se manter fechada em si mesmo, com as suas cerimônias de transmissão, ela precisa encontrar uma sintonia com outros ambientes freqüentados pelos estudantes, afinal, esses espaços também contribuem para a formação dos mesmos. Enquanto o mundo modifica-se rapidamente, principalmente nos seus aspetos tecnológicos, a escola ainda se restringe ao quadro negro, às aulas cansativas, à fragmentação de conhecimentos e à mensuração de aprendizagens desconectadas da realidade dos educandos.

A prática consciente da interatividade pode potencializar uma nova competência comunicacional, capaz de romper obstáculos que impedem a relação entre professores e alunos, e a disponibilidade de redes de conexão em meio aos conteúdos de aprendizagem.
Para Silva (2000, p.221), a metodologia interativa permite a conversão de aluno espectador em aluno ator, a ação pedagógica transforma o ambiente da sala de aula ao ensino da participação. Os atores atuais (professores) desenvolvem a história de modo a provocar o posicionamento dos espectadores (alunos) sobre possibilidades de continuação. Estes são convidados à intervir, à co-criar e assim também tornam-se atores na ação educacional.
Promover interatividade em sala de aula é disponibilizar domínios de conhecimento de modo expressivo e complexo, garantindo liberdade e pluralidade das expressões individuais e coletivas onde seja possível elaborar e colaborar na dinâmica da aprendizagem.

REFERÊNCIAS

BEHRENS, Marilda Aparecida. Tecnologia interativa a serviço da aprendizagem colaborativa num paradigma emergente. In: ALMEIDA, M.E.B. MORAN, J.M. (org.) Integração das Tecnologias na Educação/ Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, SEED, 2005. p. 75-78.

MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. Campinas: Papirus, 1997.

SILVA, Marco. A era da interatividade. Sala de aula interativa / Marco Silva. – Rio de Janeiro: Quartet, 2000.

SILVA, Marco. Internet na escola e inclusão. In: ALMEIDA, M.E.B. MORAN, J.M. (org.) Integração das Tecnologias na Educação/ Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, SEED, 2005. p. 63-69.